Protopersonas — Institucional
Antes da implementação das plataformas mencionadas anteriormente, as transações eram conduzidas de maneira tradicional, envolvendo negociações via telefone e chat na Bloomberg. Nesse cenário desafiador, desenvolver produtos e soluções visava otimizar e modernizar esse processo, proporcionando maior eficiência e agilidade às operações desses investidores.
Os clientes-alvo eram investidores institucionais de outros bancos que atuavam nas negociações com a XP Investimentos. Essa audiência demandava ferramentas que facilitassem a gestão de carteiras, a execução de negociações e a obtenção de insights em um ambiente financeiro dinâmico e altamente regulamentado.
Entretanto, não tínhamos dimensão das principais características desses investidores, pois a comunicação com eles era realizada com intermediação dos Brokers (stakeholders).
No contexto institucional, enfrentamos desafios de um público restrito, com agendas que limitam entrevistas e a criação tradicional de personas. Implementamos, então, o processo de desenvolvimento de protopersonas.
As protopersonas tornam-se uma ferramenta eficaz para iniciar o design, oferecendo insights que podem ser refinados ao longo do projeto. Essa abordagem ágil garante que as restrições de tempo não comprometam a compreensão do usuário e a eficácia das soluções.
Conduzi entrevistas, coletei dados e sintetizei informações para criar representações fictícias, porém baseadas em evidências, dos usuários-alvo. Minhas responsabilidades incluíram a identificação de padrões, a criação de ilustrações e a preparação de apresentações envolventes para equipes e stakeholders — apoiando decisões informadas durante o processo de design.
Análise dos materiais internos
Revisamos gravações e notas de entrevistas anteriores para extrair expectativas, dores e contextos reais de uso. Também exploramos briefings passados e boards de projetos para aproveitar aprendizados e evitar retrabalho.
Dinâmica colaborativa com stakeholders
Planejamos sessões coletivas para definir perfis comportamentais. Devido a agendas, adaptamos para entrevistas individuais, mantendo o objetivo: compreender nuances de comportamento e capturar percepções valiosas de cada stakeholder.
Clusterização
Agrupamos insights por similaridade para formar perfis coerentes. Esse método viabilizou representações autênticas dos usuários-alvo, fundamentais para decisões de produto.
Ao longo dos meses subsequentes, acompanhamos métricas e desempenho das interfaces que utilizaram as protopersonas. Esses dados alimentam melhorias contínuas e ajustes nas fichas.
Criamos fichas detalhadas de protopersonas, com visão abrangente: demografia, preferências, motivações, desafios e objetivos, além de representações visuais que humanizam os perfis.
A implementação prática dessas fichas no dia a dia envolveu a integração contínua das proto-personas no processo de desenvolvimento. Ao manter as fichas acessíveis à equipe, desenvolvedores, designers e demais stakeholders puderam referenciar e validar constantemente suas decisões em relação às expectativas dos usuários.
Ao longo do ciclo de vida do projeto, as fichas tornaram-se uma referência central, garantindo que as discussões permanecessem centradas nas necessidades reais dos usuários. Essa prática também fortaleceu a comunicação entre as equipes, criando uma linguagem comum e uma compreensão compartilhada sobre os diferentes perfis atendidos.
Com a introdução das proto-personas nas reuniões de alinhamento, observamos uma mudança clara no mindset da equipe: a priorização de funcionalidades passou a ser guiada por perfis específicos. Os stakeholders passaram a citar os perfis em discussões estratégicas, reforçando a tomada de decisão orientada pelo usuário.
Exemplos citados em reuniões:
- "Essa feature será focada no perfil analítico".
- "Precisamos considerar como isso impactará os Leiloeiros".
Essa mudança resultou em mais agilidade no processo de desenvolvimento, uma vez que as discussões tornaram-se mais objetivas e fundamentadas. As proto-personas funcionaram como uma bússola estratégica, orientando decisões e garantindo que as funcionalidades priorizadas estivessem alinhadas às necessidades reais dos usuários.
Além disso, a inclusão das proto-personas no cotidiano trouxe uma dimensão humana para o processo, lembrando constantemente a equipe de que cada entrega impacta pessoas reais — com objetivos, desafios e motivações únicas.
Em resumo, a integração das proto-personas não apenas otimizou os fluxos e aumentou a assertividade nas entregas, mas também fortaleceu a conexão entre equipe e stakeholders, resultando em soluções mais direcionadas e alinhadas às expectativas do público-alvo.